Monday, September 20, 2010

Eleições: o que se esconde por detrás do nosso voto?


Está chegando aquele momento em que todos fazem questão de treinar o discurso, tanto os políticos quanto os cidadãos de bem de plantão, que adoram nos lembrar de nossos direitos cívicos, patrióticos ou seja lá o que for. Pois é, a tal da eleição!

Outro dia estava me perguntando: será que eu deixei que os anos, a experiência e os cabelos brancos por debaixo do xampu tonalizante me transformassem em uma criatura amarga e sem esperança? Creio, sinceramente, que não. Mas, sem dúvida, me transformaram em uma pessoa menos iludida e ingênua (no mal sentido).

Já acreditei que poderíamos avaliar o nível de democracia de um determinado país pelo direito ao voto direto. Isso, certamente, foi uma conclusão de alguém que viveu a infância e parte da adolescência dentro de uma ditadura militar. Hoje, com os olhos mais abertos e a visão crítica bem mais apurada, percebo que dar direito ao voto sem dar candidatos decentes para se votar vale muito pouco em termos democráticos.

Mas vamos por partes, porque o assunto é longo é polêmico.

A primeira questão a ser levantada é a seguinte: por que somos obrigados a votar? Isso deveria ser um direito e não um dever! Pois eu respondo: porque, se o voto não fosse obrigatório, teríamos um record de abstenções que deixaria bem claro que algo estava errado em relação aos candidatos apresentados. Em países em que o voto não é obrigatório, só costuma votar o eleitor mais consciente e, caso não haja alguma fraude, os políticos eleitos (sejam eles bons ou não) são resultado do direito de escolha do povo.

Agora, acompanhem comigo... Qual seria o resultado desta mistura-braba: voto obrigatório, país com nível educacional/cultural baixo, com falta de orientação política e... políticos sem ética? Na minha opinião, seria o voto só para "cumprir tabela", desvinculado de qualquer consciência cidadã, ou o voto por interesse de barganha (meu voto por uma cesta básica, meu voto por cimento e tijolo).

Vamos um pouco mais além e pensar no seguinte: até que ponto, mesmo nós, criaturas que tiveram acesso à educação, cultura e formação política, não agimos mecanicamente, como bichinhos condicionados? Todos nós repetimos, como papagaios, aquele velho refrão " anular voto é coisa de gente ignorante". Quem disse? Provavelmente, aqueles que têm profundo interesse em receber o nosso voto a qualquer preço!

Tentemos, então, escapar do condicionamento, da programação repetida tantas vezes em nossa cabeça, que faz uma mentira virar verdade. Se precisamos votar em alguém que deve nos representar e, ao olharmos a lista de candidatos, não conseguimos encontrar alguém que seja digno de nos representar... alguém em quem confiamos, que admiramos, com quem compartilhamos ideologias e opiniões, então, o lógico é que tenhamos a opção de não votar. Se não temos esta opção, já que o voto é obrigatório, que anulemos nosso voto, pois esse ato é o que melhor expressa a nossa opinião sobre os candidatos que nos são apresentados.

Com isso - vejam bem! - não estou fazendo aqui a apologia ao voto nulo, mas, com certeza, estou defendendo o direito de não votarmos em pessoa alguma, caso não se apresentem candidatos que mereçam o nosso voto. E que façamos isso de forma consciente e segura, de "cabeça erguida", por saber que esta, sim, é uma atitude ética, com vistas ao bem comum e de seriedade política.

Eu já decidi: vou votar somente em um candidato para Deputado Estadual. É alguém que já foi prefeito de minha cidade e simplesmente foi a melhor gestão que tivemos! É um homem inteligente, honesto, chato de tão correto (por isso que nos damos bem...rs), competente e merece meu voto. Se ele vai ganhar? Não sei... Mas isso não é corrida de cavalos, pra gente querer apostar em quem vai ganhar! De resto, votarei nulo. Assim... Sem peso na consciência!

Cabe mais um adendo: se o Serra eu não quero de jeito algum e a Marina já não me diz tanto quanto já disse antes; em relação à Dilma, digo que o governo Lula pode não ter sido o governo dos meus sonhos (efetivamente, não foi), mas em termos gerais, foi o melhor governo que tivemos no pós ditadura. Só alguém acometido de amnésia (ou banqueiros, ou presidentes norte-americanos, ou...) pode dizer que o governo Fernando Henrique foi melhor... Mas enfim, cada um com seu cada um. Por outro lado, exatamente porque o governo Lula não foi o governo dos meus sonhos, que não vou votar em sua candidata. Estou cansada de, na política (e em outras coisas da vida também) ter que escolher o "menos ruim" ou o mais ou menos.

Já faço a prévia para as eleições municipais de 2012: possivelmente, vou votar nulo de ponta a ponta! Porque mais catastrófico do que o 21 de dezembro, com as previsões de profecias Maias e apocalípticos de plantão, será a lista de candidatos para vereador e prefeito que teremos por aqui, na cidade onde eu moro. Quem viver, verá!

PS: coloquei a imagem de uma urna tradicional em sinal de protesto contra a urna eletrônica, uma das maiores mentiras (dita mil vezes pra virar verdade) da vida política brasileira. Para quem tiver curiosidade, ler: isto e isto.

2 comments:

Clara said...

Claudinha, Adorei esta postagem. Concordo com você em: - " GENERO, NUMERO E GRAU". Eu também sinto de uma maneira muito Forte esta Falta de Opção. Puxa se pelo menos oferecessem Algo que valesse a Pena. A gente olha para todo lado, Aff!! que coisa "Horrível". A queridinha do presidente, está agora com aquele sorrisinho "Falso" que não engana a ninguém, aquela voz Insuportável e aquelas promessas que a minha Bisa, não estava mais aguentando ouvir naquela época. Serra, que coisa mais "Triste". O homem não tenha a mínima classe nem para fazer Politicagem, muito menos Política. Joga Baixo e muito Sujo. E a Marina parece mais uma Evangélica, com aquele ar de quem pede Favor, também não está "Emplacando". E eu te pergunto Amiga? - E AGORA? ... Só nesta resta mesmo esta Opção - VOTAR NULO. " BRASIL MOSTRA A TUA CARA" Beijos.

Flora Maria said...

Eu ainda continuo acreditando em duendes, coelhinho da páscoa e papai noel...
Portanto, vou votar, dessa vez.

E seja o que Deus quiser...
Beijo