Monday, March 25, 2013

A moda e os limites do bom senso


Uma pessoa como eu, que curte o vestir como expressão de ser, que fica fascinada com alguns desfiles do SPFW, que entende que a beleza tem o seu espaço e sua função numa sociedade, não tem como não entrar em conflito como uma série de coisas...

Não vou nem falar da questão do trabalho semi-escravo (coisas que já pipocaram sobre a Zara, sobre a Nike, agora esta reportagem...), porque isso aí é totalmente sem comentários! Não é possível que um pedaço de pano para cobrir o corpo seja mais importante que a vida das pessoas... Mas falo de outros detalhes também, falo da futilidade, da colocação da moda como uma exigência que define se você será considerado ou não, contratado ou não, incluído em grupos sociais ou não... Acho tudo isso muito triste. Quantas pessoas que trabalham com moda têm uma visão mais humana, têm mais bom senso?As meninas da Oficina de Estilo fazem parte desse pequeno grupo e lançaram há pouco tempo o slogan: "substitua consumo por autoestima". Achei brilhante!

Além disso, temos algumas questões ambientais que não devem ficar de lado e, aliás como em vários outros setores, só acontecem por conta de um consumo que está muito além do razoável. Um exemplo disso são os sapatos de couro (sola, inclusive) que impedem o acúmulo de energia estática e são muito mais saudáveis. No entanto, uma coisa seria se cada pessoa tivesse (vamos lá, dar uma colher de chá para mulheres que gostam de variar) seis ou oito pares de sapato... outra coisa são criaturas que possuem 20, 30, 50, 100 pares de sapato! Nem se todo o planeta virasse pasto para gado seria possível calçar a humanidade com sapatos desses. E olha que nem analisei o conceito "crueldade com os animais".

Estamos caminhando para uma situação de total absurdo em termos de consumo de roupas, sapatos e acessórios! Até eu, que sou uma pessoa ponderada, econômica e lúcida em relação ao consumo, tenho consciência de que possuo mais do que deveria. A forma de perceber isso é simples: existem roupas que eu olho toda vez que abro o guarda-roupa ou uma gaveta e penso "não, esta não..." Então, a pergunta que não quer calar: o que ela está fazendo ali?

Outro dia, pela primeira vez na vida, comprei um vestido por puro impulso. Mais de 40 anos de vida e nunca tinha feito isso! Mas foi assim: estava de saco cheio, estava irritada, estava precisando me achar melhor e mais bonita, entrei em uma loja para comprar o que eu precisava (um sutien branco) e saí de lá com um conjunto de calcinha e sutien branco e um vestido preto sexy e lindo! Ok, para um vestido preto, sexy e lindo, o preço nem foi tão absurdo... Mas, além de ter sido mais caro do que um valor que considero justo, a verdade é que eu não o comprei porque estava precisando... Eu comprei aquele vestido porque - o "cachorrão" - ficou lindo no corpo e eu precisava tanto ser mimada...rs

Não sei se a maioria das mulheres compra tanta roupa porque vive irritada ou precisando se sentir mimada, mas eu creio que se isso for assim, temos uma estatística muito negativa sobre o estado emocional feminino, levando-se em conta que isso não costuma acontecer só uma vez em 40 anos. E não vamos falar somente de mulheres, porque os homens também têm suas frescuras, só não costumam envolver o vestuário.

Hoje, eu tenho uma meta em termos de roupas, sapatos e acessórios: o mínimo que seja "o máximo"! Minhas roupas cabem no equivalente a duas portas (pequenas) de armário e cinco gavetas de uma cômoda. Não é muito em relação ao que vejo por aí... Mas quero reduzir 50% do que tenho para depois, com calma, comprar mais uns 10 ou 20%. Desse jeito, ficarei com uns 70% do que tenho hoje, em termos de número de peças, só que com opções de maior qualidade, versatilidade e - o mais importante - uso!

Um hábito que adquiri há alguns anos é comprar roupas em brechós. Primeiro, em São Lourenço, onde morava e agora pela net. Não fiz muitas compras desse tipo até agora (pela net)... Na verdade, foram compras em três brechós: no primeiro, uma bolsa... no segundo, duas bermudas, um vestido e uma blusa... e no terceiro, um blazer. Adorei tudo e achei que valeu muito a pena! Comprei boas marcas, peças de qualidade, semi-novas e por um preço que ficou entre 20% e 50% do preço da peça nova na loja.

Enfim, depois do desabafo, vamos voltar ao trabalho! ;-)

Ótima semana para todos!