Tuesday, October 30, 2007

Atendendo ao pedido da Debby!

A quinta frase, da 161ª página de "O Presente da Águia":

"Elas não se pareciam"

E fico curiosa imaginando quem não parecia com quem (???), já que não cheguei nesta parte do livro ainda...rs

Sunday, October 21, 2007

Quantas máscaras teremos que usar para chegar onde tudo começou?

---Quantas camadas devem existir entre a coisa mais parecida com nossa essência e o que mostramos por aí? Sempre que remexo o baú das lembranças, sempre que me disponho a olhar de frente para minha forma de sentir e pensar, fico perplexa!Existem máscaras e máscaras e máscaras sem fim...
---O processo de desarmamento interno é duro, doloroso. O processo de se entregar ao outro, sem medo, sem "plano B" então... nem se fala! Um longo aprendizado!
---Depois da experiência de ontem, do sonhar da madrugada e da leitura de hoje concluo o óbvio: a mudança está sempre em nós. Não há como mudar o outro diretamente. Não temos o direito e nem o poder de mexer no outro, em suas crenças, sentimentos e decisões. Mas podemos olhar para dentro, modificar nossos próprios padrões de comportamento e pensamento. Podemos focar naquilo que queremos para a nossa vida. É verdade, não é lenda: o mundo muda se você muda.
---Acredito mais nisso a cada dia! Não como uma forma de crença aleatória... Acredito porque tenho testado e colhido os resultados. O mundo é misterioso... E ficamos insistindo em receber respostas racionais e lógicas em relação aos processos que nos cercam. Acontece que ainda não conseguimos explicar as nossas próprias ações e emoções, como poderemos explicar algo que sai do nosso corpo-limite?
---O ser humano repete sem parar os caminhos já conhecidos-percorridos. Sua dependência de coisas conhecidas é tão doentia que ele prefere repetir o que traz dor (ao menos é uma dor conhecida) do que arriscar no novo, que pode trazer alegria e contentamento. Que segurança é esta que buscamos?
---Não queremos ser manipulados, mas queremos determinar exatamente de que forma as coisas acontecerão. Não queremos que nos dêem ordens, mas queremos ordenar exatamente o grau de importância de sentimentos, conceitos e outras coisas abstratas para que eles recebam maior ou menor atenção em nossa vida corrida.
---Ao invés de ficar brigando com tudo e todos, prefiro ser a Senhora do meu próprio Reino Interior. Neste lugar eu poderei retirar todas as máscaras, as camadas de mágoas e ressentimentos, as frustrações que tiram o brilho dos olhos, as decepções que nos afastam do amor, a dor que leva à letargia... Então, magicamente, a transformação virá. E haverá um tempo em que não mais saberei onde termina meu Reino e onde começa o mundo (chamado) real. E ao invés disso ter o nome de loucura, insanidade... isto será lucidez... sábia lucidez...

---(Obrigada, Lilia, que tem me mostrado as placas indicativas no caminho da lucidez)

Saturday, October 06, 2007

Vincent (Don Mclean)

"Estrelada, noite estrelada

Pinte sua paleta azul e cinza

Olhe ao redor em um dia de verão

Com olhos que conhecem a escuridão em minha alma

Sombras nas colinas

Rabisque árvores e narcisos

Pegue a brisa e o frio do inverno

Em cores das plantações de algodão cobertas pela neve

Agora eu entendo

O que você tentou me dizer

E o quanto você sofreu pela sua lucidez

E como você tentou libertá-los

Eles não ouviriam

Não sabiam como

Talvez agora ouçam

Estrelada, noite estrelada

Flores flamejantes que resplandecem

Nuvens rodopiando em um nevoeiro violeta

Refletem nos olhos azuis porcelana de Vincent

Cores mudam de tonalidade

Campos matinais de grãos ambarinos

Rostos marcados pelo tempo alinhados em dor

São suavizados pelas mãos amorosas do artista

Agora eu entendo

O que você tentou me dizer

E o quanto você sofreu pela sua lucidez

E como você tentou libertá-los

Eles não ouviriam

Não sabiam como

Talvez agora ouçam

Pois eles não conseguiam te amar

Mas mesmo assim seu amor era verdadeiro

E quando não havia mais esperança naquele estrelada, noite estrelada

Você tirou sua vida como normalmente fazem os amantes

Mas eu poderia ter-lhe dito, Vincent

Esse mundo não foi feito para alguém tão bonito como você

Estrelada, noite estrelada

Retratos pendurados em salas vazias

Desmoldurados em paredes anônimas

Com olhos que observam o mundo e não conseguem esquecer

Como aqueles estranhos que você conheceu

Homens esfarrapados, em roupas esfarrapadas

O espinho prateado da rosa ensangüentada

Estende-se esmagado e quebrado na neve virgem

Agora acho que entendo

O que você tentou me dizer

E o quanto você sofreu pela sua lucidez

E como você tentou libertá-los

Eles não ouviriam

Ainda não ouvem

Talvez nunca ouvirão"


Monday, October 01, 2007

A Língua do P

---Não existe destino e nem fatalidade, afirmam alguns... No entanto, percebo que certos questionamentos e certas situações parecem dar voltinhas durante algum tempo, para depois retornarem ao centro da nossa testa, também chamado de ajna ou o chakra da visão, ou seja, retornam ao mesmo lugar de onde - parece - nunca saíram, o nosso foco, a nossa atenção.
---Tenho uma boa coleção de assuntos/questionamentos assim, tipo bumerangue, que atiro para longe, mas ele insiste em retornar. Um deles diz respeito ao que eu chamo de “vocabulário de gueto” também conhecido como linguagem cifrada para enganar trouxa ou ainda método de aquisição de poder através da criação de dialetos.
---Desde que entrei neste estranho mundo dos concursos públicos, encontrei pilhas de critérios de seleção para questionar e mais outras coisinhas meigas que classifiquei de “a forma mais eficaz de eliminar pessoas que poderiam ser ótimos funcionários”. Até aí, tudo bem... A idéia não é conseguir excelentes funcionários públicos (vide a maior parte dos serviços públicos à disposição dos cidadãos), a idéia é se livrar do maior número de “chatos que insistem em achar que podem passar” o mais rápido possível! E tenho perfeita consciência de que só consegui passar no concurso da Prefeitura sem nem ter estudado muito, porque a relação candidato/vaga estava de 54 pra 1, ou seja, havia poucos chatos que insistem em achar que podem passar a serem eliminados.
---Mas, acompanhando o Fernando na prática desse estranho esporte chamado estudar para concurso, fui obrigada a dar de cara – de novo!!! – com aquele velho conhecido, o vocabulário de gueto. A razão é fácil de compreender: adentramos o Judiciário!(pelo menos estamos tentando) E aí, mesmo que você não esteja pleiteando um cargo específico para advogados, é preciso estudar as Leis (e que saudade dos 10 Mandamentos!)
---Sério... Sem piadinhas... Deus que é Deus, que não precisou fazer concurso para assumir o cargo, é bem claro nas suas Leis. Em primeiro lugar, são só 10, (oni) ciente que Ele é de que o ser humano tem memória curta. Ou seja, 10 é um número redondinho! Não dá muito trabalho para decorar e, portanto, não será necessário depois jogar na cara que mesmo aquele que não tem ciência da existência da lei está sujeito as suas penalidades. Em segundo lugar: essas 10 Leis são aplicáveis em todo o território global, não possuem exceções, emendas, incisos... e o principal: são extremamente democráticas, todo ser humano está sujeito a elas e não adianta alegar laço de parentesco com algum figurão, porque afinal somos todos filhos do Chefe Supremo.
---Mas o ser humano, que se acha maior e melhor que o próprio Deus, bem chegadinho a um exagero, resolve não somente fazer uma tonelada e meia de leis. Não... Isso não seria suficiente! Ele quer que ninguém entenda nada mesmo, pra ele poder chegar depois e punir... ou ganhar alguma coisa em troca para não punir. Então ele inventa o direitês, da mesma forma que inventou o economês e o mediquês.
---Tudo bem que existem outras línguas deste tipo, outros vocabulários de gueto, mas esses três, convenhamos, são os que mais se destacam! Merecem mesmo uma medalha de honra ao mérito (de enrolar os outros). Coincidência ou não, tanto os advogados quanto os médicos são os únicos profissionais com nível superior (graduação) que fazem questão de serem chamados de Doutor e ninguém acha ruim. Para nós, pobres mortais diplomados em outras profissões, é necessário ralar num mestrado e depois num doutorado para conseguir o mesmo chic tratamento. Se eu fosse economista, exigia também o direito ao Dr., afinal, eles conseguiram elaborar um dialeto que não deixa nada a desejar em relação aos outros dois.
---E a verdade é que eu ando meio de saco cheio dessa Língua do P de gente grande. Sinceramente, eu acho que a finalidade é a mesma da língua engraçada que costumamos utilizar na infância, ou seja, criar uma linguagem que só os nossos amiguitos entendem e assim ganhamos força, ganhamos “corpo” (ra-ti-vis-mo), ficamos mais importantes que os outros bobões que não entendem o que estamos falando.
---Minha falta de paciência para este tipo de coisa se explica através de diversas teorias, mas minha preferida é o fato de eu ser (com licença) profissional de comunicação e ter plena consciência de que escrever bem não é escrever difícil... quem sabe de verdade algo consegue transformar aquele conhecimento complexo em algo digerível para quem não é especialista... e também, e não menos importante, o que distingue alguém muito bom no que faz do resto da humanidade, não é a capacidade que tem de complicar aquilo aos olhos alheios, mas é fazer o simples de uma forma absolutamente única.
---Isso se aplica a praticamente tudo! Tenho um exemplo que carrego sempre na manga: fazer comida gostosa usando creme de leite e camarão é fácil! Quero ver fazer comida gostosa usando cenoura, chuchu, batata e uns temperos do quintal! E isso também tem a ver com o conceito de que o valor não está no “o que”, mas no “como” e o “como” cada um terá o seu, de uma forma muito peculiar.
---Mas quem vai compreender esta sutileza? (Quem? Quem?) Com certeza, não será alguém que acredita que o “dê-érre” antes do seu nome faz dele alguém diferenciado, melhor que os outros. Também não creio que será alguém que acredita de verdade nos critérios de provas, testes, concursos e competições de conhecimentos em suas diversas modalidades. Talvez por isso, apesar de aprovada e prestes a ser nomeada, ainda me atrai a possibilidade de passar mais uma vez, e outra e outra... Só pra ganhar no campo do adversário. É a pequena porção de guerreira menina super-poderosa que existe aqui dentro.